Era uma vez dois irmãos que não tinham muito em comum, tirando a aparência. Um era extremamente rico e o outro muito pobre. O irmão rico se chamava Vinicius. Um dia, ele pediu ao seu irmão pobre, João, que cuidasse dos seus feixes de trigo no campo. João então foi lá e ficou de vigia.
De repente, João avistou uma figura feminina vestida de branco, quase translúcida, recolhendo espigas esquecidas no campo e adicionando-as aos feixes.
“Quem é você?”, João perguntou com urgência.
“Eu sou a sorte do Vinícius. Eu o ajudo para que ele tenha sucesso em tudo”, disse a figura enquanto continuava recolhendo com dedicação as espigas restantes, para que o irmão rico tivesse ainda mais trigo.

“Sorte? Bem, fico muito feliz pelo meu irmão. Mas será que não existe, em algum lugar do mundo, uma sorte para mim também?”, respondeu João com um sorriso.
A figura rapidamente recolheu as últimas espigas e então disse a João: “Siga nesta direção, onde nasce o sol. Lá você encontrará sua sorte.” Assim que terminou de falar, desapareceu imediatamente.
João pensou sobre tudo aquilo pelo resto do dia. Na manhã seguinte, decidiu que iria para o leste e tentaria procurar sua sorte por lá. Ele já estava quase saindo de sua cabana quando uma figura cinza em trapos rasgados pulou em suas costas de trás do fogão e gritou: “Você não pode ir a lugar nenhum sem mim. Ficarei com você para sempre!”
“E quem é você?”, perguntou João, não entendendo mais nada. “Eu sou a sua miséria. Vivo feliz com você há tantos anos e nunca vou te abandonar”, explicou-lhe imediatamente a velhinha grisalha.
“Então não é de se admirar que, não importa o que eu faça, mal tenho dinheiro suficiente para comida e um teto precário sobre minha cabeça”, concluiu João, que agora entendia tudo. Enquanto isso, um plano estava se formando em sua cabeça sobre como se livrar da miséria. Definitivamente não tinha a intenção de levá-la consigo.
Então disse em voz alta: “Bem, minha querida, não consigo te carregar nas minhas costas. Venha, tente se espremer dentro desta garrafa, que vou te colocar na minha mochila de viagem.”
A velhinha soltou um grito triunfante e entrou na garrafa com facilidade. Assim que entrou, João tampou a garrafa cuidadosamente. No caminho para sua sorte, enterrou a garrafa na floresta, para que não pudesse mais sair e para que nenhum infeliz a descobrisse por engano. João não queria levar miséria a mais ninguém.
E então ele apenas caminhou para o leste em busca de sua sorte.
Depois de um tempo, chegou à cidade e decidiu que tentaria encontrar algum trabalho para ganhar um dinheiro até que conseguisse encontrar sua sorte. A sorte lhe sorriu, porque encontrou arrumar um emprego muito rapidamente. Um dos ricos senhores da cidade confiou a ele a tarefa de cavar um porão. Ele não receberia pagamento, mas poderia ficar com tudo que encontrasse enquanto cavava. João cavou e era bom nisso, pois estava acostumado com trabalho pesado. Depois de algumas horas, ele bateu em algo duro. João limpou o objeto e percebeu que brilhava. Era uma pedra de ouro. Pelo combinado, a pedra de ouro deveria ser toda dele, mas João decidiu dividir o dinheiro com o dono do terreno onde a encontrou. Isso lhe parecia justo.
No dia seguinte, João continuou cavando para terminar o que prometeu. Ele já tinha terminado de cavar todo o porão quando chegou ao final, onde havia uma porta de ferro. Ele a abriu e encontrou ouro e pedras preciosas, grandes riquezas. No local ainda havia um baú, de onde ouviu uma voz: “Abra, meu senhor.” Ele então o abriu e de lá saltou uma figura vestida de branco. Parecia a irmã daquela mulher de branco que conheceu no campo de seu irmão Vinícius.
“Meu senhor, eu sou a sua sorte”, disse a figura. “Esperei aqui por você por muito tempo. Agora que você me encontrou, ficarei com você para sempre.”
João novamente compartilhou a riqueza encontrada com o senhor que lhe confiou o trabalho em sua propriedade. Ainda assim, ficou com tanto que mal conseguia imaginar como gastaria aquilo tudo. Além disso, estava prosperando em tudo, pois havia encontrado a sua sorte.
Pouco tempo depois, Vinícius passou pela cidade a negócios. Quando se deparou com João, não conseguia acreditar em seus próprios olhos. Seu irmão pobre estava vestido como um cavalheiro! João ficou muito feliz em ver Vinícius e o convidou para jantar em sua nova e luxuosa casa. Ele contou como sua vida havia sido transformada quando encontrou sua sorte e se livrou da miséria.
Vinícius aceitou a hospitalidade, mas logo se apressou para voltar para casa, alegando ter compromissos inadiáveis. Mas a verdade é que Vinícius foi embora porque estava consumido pela inveja e queria desesperadamente estragar a sorte de João. O desejo de prejudicar seu irmão o levou à floresta, ao lugar que João descreveu como o esconderijo onde havia enterrado a miséria engarrafada.
E lá estava Vinícius, que cavou rapidamente até encontrar a garrafa. Assim que a encontrou, abriu a garrafa imediatamente e deixou a miséria escapar. Queria mandá-la de volta para João, mas algo inesperado aconteceu. A miséria libertada agradeceu e prometeu: “Obrigado por me tirar daquela garrafa. Já estava com as costas doendo. Como recompensa, nunca abandonarei você ou sua família. Nunca!”
Vinícius tentou em vão se livrar dela, mas a miséria nunca se afastou dele nem um pouco. Desde então, nenhum de seus negócios teve um final bem-sucedido; pelo contrário, foi assaltado e roubado ao longo do caminho. Sua casa pegou fogo e a miséria o seguiu aonde quer que fosse. No final, ele acabou como um completo mendigo.
Em contos de fadas e na vida real, muitas vezes se fala de ricos malvados e pobres virtuosos. No entanto, Vinícius se consumia de inveja, fosse rico ou pobre. Por outro lado, João era uma pessoa trabalhadora e boa, com ou sem dinheiro. Enriquecer pode ser tanto por esforço quanto por sorte, mas é preciso valorizar essa sorte e não se tornar arrogante. Exatamente como o pobre João se comportou quando felizmente alcançou a riqueza. Pois, assim como o vento, a sorte é algo que pode mudar, e o dinheiro pode sumir num piscar de olhos.
Essa é boa tbm!!! Muito educacional