Era uma vez Joãozinho, um pequeno menino que morava com um cervo de chifres dourados. O cervo cuidava de Joãozinho, mas sempre o avisava para não abrir a porta para ninguém quando estivesse sozinho em casa.
Um dia, quando o cervo saiu como de costume para pastar, vozes doces soaram atrás da porta:
“Joãozinho, doce menininho, abra a porta. Nós só viemos enfiar dois dedinhos, nos aquecer um pouco e logo iremos embora.”
Joãozinho se lembrou do aviso do cervo e não abriu. Quando o cervo voltou do pasto, Joãozinho lhe contou o que aconteceu. O cervo o elogiou e o lembrou de que realmente não deveria abrir para ninguém, especialmente para as bruxas que moravam na caverna, porque elas o levariam embora.
Alguns dias se passaram e Joãozinho estava sozinho em casa novamente, quando ouviu vozes suplicantes e doces atrás da porta:

“Joãozinho, doce menininho, abra a porta. Só vamos enfiar dois dedinhos, nos aquecer um pouco e logo ir embora.”
Joãozinho não abriu. Mas as bruxinhas, que estavam escondidas atrás da porta, não desistiram e continuaram a implorar. Joãozinho estava morrendo de vontade de vê-las e ajudá-las a se aquecer. Finalmente, elas o convenceram a abrir uma pequena fresta da porta. As bruxas enfiaram seus dedos longos e brancos, depois a mão toda e… Puf! – já estavam lá dentro. Elas agarraram Joãozinho e fugiram com ele.
O pequeno Joãozinho chorou desesperadamente: “Oh, meu querido cervo de chifres dourados, onde você está pastando? As bruxas estão levando seu menininho embora!”
Felizmente, o cervo estava pastando por perto e imediatamente correu para salvá-lo das bruxas. Em casa, o cervo repreendeu Joãozinho e ordenou severamente que nunca mais abrisse a porta para as bruxas.
Passou algum tempo sem que as bruxinhas aparecessem. Joãozinho já tinha quase se esquecido do infeliz incidente com elas. No entanto, um dia, doces e suaves vozes vieram por trás da porta, pedindo a Joãozinho que abrisse a porta. “De jeito nenhum”, disse Joãozinho, “vocês me levariam de novo.” Mas as fadinhas lamentaram e choraram: “Só dois dedinhos, Joãozinho, estamos congelando aqui!’ Até que Joãozinho finalmente cedeu, abriu a porta apenas o suficiente para dois dedos. Dedos longos e pálidos se enfiaram para dentro, depois as palmas inteiras e de repente as bruxas já estavam lá dentro. Em um instante, agarraram Joãozinho e correram com ele para longe.
Joãozinho lamentou como da última vez: “Oh, meu querido cervo de chifres dourados, onde você está pastando? As bruxas estão levando seu menininho embora!” Mas, infelizmente, desta vez ninguém veio correndo. O cervo estava pastando muito longe naquele dia para ouvir o chamado de Joãozinho.
As bruxas levaram Joãozinho para sua caverna, onde o alimentaram. Não por bondade, é claro, mas para poderem comê-lo quando tivesse engordado. O menino foi ficando um pouco mais rechonchudo a cada dia. Um dia, as bruxas pediram a ele que mostrasse o dedo. Joãozinho mostrou o mindinho para as bruxas verificarem se ele já estava bem gordinho. E como estava, elas já estavam planejando comê-lo.
Desesperado, o triste Joãozinho decidiu chamar por seu amigo cervo uma última vez: “Oh, meu querido cervo de chifres dourados, onde você está pastando? As bruxas estão levando seu menininho embora!”
Que sorte teve o menino! O cervo estava procurando por ele naquela hora e estava bem perto da caverna. Ele ouviu o chamado de Joãozinho e com saltos rápidos se apressou até a caverna. O cervo colocou Joãozinho em seus chifres e o levou de volta para casa. Joãozinho nunca mais abriu a porta para as bruxas, não importava o quanto implorassem. Ele sabia que não se deve desafiar a sorte para sempre. Da próxima vez, as coisas poderiam realmente não acabar bem.