Em uma alta colina, ao longe, havia um castelo. Este castelo estava bastante desgastado, em alguns lugares faltavam pedaços da parede, e ninguém morava lá. Na verdade, era mais a ruína de um castelo. Às vezes, turistas vinham visitá-lo. Eles passeavam por todos os seus corredores, olhavam para todas as muralhas e depois partiam. Ninguém sabia qual segredo o castelo escondia. Ninguém suspeitava do que acontecia nele quando escurecia.
Certa vez, um turista curioso chamado Jair, veio visitá-lo. Ele adorava fazer passeios, especialmente em castelos. Ele explorou todo o castelo de cabo a rabo, examinou cada canto e olhou cada janela quebrada. Ele ficou tanto tempo lá que não percebeu quando começou a escurecer. Como já era muito tarde, Jair decidiu montar uma barraca perto do castelo para passar a noite e voltar para a casa pela manhã. E foi exatamente isso que ele fez.

Entretanto, Jair não conseguia dormir. Mais tarde, à noite, ele saiu, sentou-se em frente à barraca, enrolou-se em um cobertor e observou as estrelas. Ele olhou para longe, em direção ao castelo e enquanto estava observando, teve a certeza de que havia uma luz que se movia pelas muralhas do castelo, de um lado para o outro. Primeiro, Jair apenas olhou e imaginou o que poderia ser, mas decidiu que iria descobrir. Portanto, puxou uma jaqueta da barraca, pegou uma lanterna e foi.
Em pouco tempo, ele estava em frente às muralhas. Estava escuro por toda parte. Apenas no castelo, lá em cima, havia uma luz se movendo. Jair subiu corajosamente, se escondeu atrás das pedras e esperou até que a luz se aproximasse. Ele não tinha medo, sua curiosidade era maior. A luz se aproximava, mas não se ouviam passos, e quando já estava perto dele, Jair espiou por trás das pedras e não acreditou no que viu.
Uma dama branca passeava ao redor do castelo, andando como se não tocasse o chão. Ela usava um manto branco comprido e um alto chapéu branco em forma de ponta. Seu rosto também era branco e ela segurava uma luz na mão. Jair acendeu a lanterna e se aproximou dela lentamente para não assustá-la. A Dama Branca parou e iluminou Jair com a luz.
“Você não tem medo de mim?”, ela perguntou. “Não, não tenho medo. Você é a Dama Branca, não é? Por que você precisa estar aqui e há quanto tempo você anda por aqui?”, Jair respondeu.
“Você tem muitas perguntas, meu jovem”, a Dama Branca respondeu. Então, ela sorriu para ele e começou a contar uma história: “Porque você não tem medo de mim e parece ser um jovem gentil, eu vou te responder. Estou aqui há vários anos. Eu só saio à noite, pois durante o dia eu durmo. Tenho a tarefa de vigiar o castelo. Eu morava aqui antes e era a rainha do castelo, mas eu não era uma boa rainha, pois preferia o castelo às pessoas e foi assim que o próprio castelo me amaldiçoou. Após a maldição, eu tenho que ser para sempre a Dama Branca, que o vigia à noite”.
“Sinto muito”, respondeu Jair. Ele percebeu que a rainha havia mudado, que agora ela era uma boa pessoa, e assim combinou que a visitaria com mais frequência.
Desde então, sempre que podia, ele ia ver a Dama Branca. Eles ficavam passeando pelo castelo e conversando. A Dama Branca estava muito feliz por não estar mais sozinha. Uma vez, enquanto estavam sentados no castelo, ela disse: “Agora eu sei que sempre devo amar mais as pessoas do que as coisas. Você me ensinou isso, Jair. Obrigada!’.
Quando ela terminou de falar, o vento começou a soprar, o castelo começou a tremer e os vagalumes formaram um redemoinho ao redor da Dama Branca. Nesse momento, uma voz poderosa soou: “Você está perdoada, rainha. Agora você pode viver como quiser e não precisa mais ser a Dama Branca”.
O castelo reconheceu que a rainha havia mudado e se tornado uma pessoa bondosa. Ele devolveu a aparência que ela tinha antigamente. A rainha ficou feliz e abraçou Jair com alegria. Ela viveu então como sempre desejou.
Esse castelo ainda está de pé e até hoje você pode ver a luz à noite. Mas, já não é a luz da dama branca, é a luz de Jair e de sua melhor amiga, a rainha. Eles ainda fazem passeios noturnos e juntos relembram como é importante amar mais as pessoas do que as coisas.