Quando a noite chega e, em vez do sol, a lua e as estrelas aparecem no céu, coisas estranhas começam a acontecer. Na verdade, coisas mágicas.
Poucas pessoas sabem que a vida encantada começa à noite. Mal se fecham os olhos da última criança, e asinhas começam a bater e brilhar nas janelas. São fadas mágicas. Elas voam em silêncio para que ninguém as ouça. Elas encontram uma pequena fresta em cada janela do quarto das crianças e entram. Ela olham a cama onde as crianças dormem em busca de algum dente caído. Quando encontram, levam o dente para o seu reino encantado.

Antes de levar o dente, as fadas espalham um pó mágico sobre a cama, para que as crianças tenham lindos sonhos. Às vezes, elas também deixam uma lembrancinha para a criança. Os adultos não podem vê-las e nem ouvi-las. Mas se alguma criança acordar e ficar bem quietinha, talvez consiga ouvir o bater das asas e o sussurro de uma voz suave. Essas fadas são bem faladeiras.
Certa noite, em um quarto, quando já estava tudo escuro, uma garotinha chamada Cristina acordou. Ela não conseguia dormir de novo, então continuou deitada olhando para o teto. Nesse momento, ela ouviu uma voz suave: “Ai, minhas mãos doem, minhas pernas doem, minhas asas doem. Que trabalho horrível. Esses dentes são tão grandes e pesados. Se eu ao menos tivesse uma mochila! Mas desse jeito, meus braços vão cair a qualquer momento.”
Cristina, atenta, olhou para a estante de onde vinha a voz. Na beira da estante estava uma pequena criatura. Era uma fada. Ela estava sentada no canto, com as perninhas penduradas para baixo e só reclamava. De repente, ela se levantou e voou pela janela entreaberta. Cristina não podia acreditar nos próprios olhos. Mas ela tinha certeza que não era um sonho.
Depois de um tempo, outro dente de Cristina começou a balançar. Quando o dente caiu, ela o colocou em uma caixa ao lado da cama. Ela esperava que a fada chegasse em breve. Ao lado do dente, ela também deixou um pequeno presente. Cristina se lembrava de como a fada estava triste. Então, ela costurou uma mochilinha. À noite, foi dormir e deixou a janela aberta para a fada.
Durante a noite toda, ela teve lindos sonhos. Quando acordou pela manhã, o dente e a mochilinha já não estavam lá. Apenas uma moeda e um pequeno bilhete ao lado: “Obrigada, Cristina. Como você pensou em mim, todas as noites vou espalhar pó mágico sobre sua cama, para que você tenha sonhos encantados”. Desde então, Cristina dorme docemente e nunca fecha a janela.