Como criaturas de contos de fadas curaram Tomás

Tomás era um menino pequeno que não queria comer direito. Ele não queria nem ver vegetais ou frutas, ia dormir tarde e só queria assistir televisão ou ficar no tablet. Ele também se vestia mal, muitas vezes não usava meias, e quando se molhava lá fora, não queria ir para casa se trocar. Em vão, sua mãe lhe dizia que assim ele ia acabar ficando doente. E foi justamente o que aconteceu.

Tomás pegou uma gripe feia e repentina, que o deixou com muita tosse, coriza e febre. Ele só conseguia ficar deitado na cama, não conseguia brincar e nem seu amado chocolate lhe apetecia. Enquanto estava deitado, adormecia, acordava, adormecia, acordava, até que, em pouco tempo, ele nem sabia mais o que era real e o que era apenas um sonho.

Certa vez, quando abriu os olhos, ao lado de sua cama estavam suas criaturas favoritas de contos de fadas, sobre as quais sua mãe frequentemente lia para ele. Em seu trono, ao lado da cama de Tomás, estava sentado o rei com um cetro na mão e uma coroa na cabeça, e ao lado dele havia um cavaleiro em sua armadura. 

Histórias curtas para crianças - Como criaturas de contos de fadas curaram Tomás
Como criaturas de contos de fadas curaram Tomás

“Nós vamos te curar, garoto”, disse o rei, apontando para ele com o cetro. “O que há com você, garoto?”

“Estou me sentindo mal, senhor rei”, disse Tomás. “Dizem que estou com gripe. Papai diz que é porque eu tinha a ‘imundice’ fraca.”

“Você quer dizer imunidade, certo?”

Tomás apenas deu de ombros.

“Não sei o que isso significa.”

O cavaleiro tomou a palavra.

“Sua imunidade são seus bravos cavaleiros, todo um exército que você tem no sangue e que te protege das doenças. Sempre que algo tenta te pegar, como um resfriado”, explicou o cavaleiro, tão envolvido que sua armadura começou a chacoalhar como panelas caindo, “seus cavaleiros sacam a espada e atacam.”

O cavaleiro puxou a espada e a balançou no ar. 

“Eliminam todos os resfriados, zapt-zap e está feito!”

A espada cortou o ar e acertou o lustre. 

“Cuidado, sua lata velha”, o rei o advertiu.

“Desculpe, me empolguei um pouquinho.”

Tomás riu. E então ficou sério novamente.

“Se eu tenho um exército assim, por que estou gripado agora?”, perguntou.

O rei levantou o dedo para deter o cavaleiro. “Não precisa quebrar algo de novo.” O cavaleiro ficou ofendido e saiu batendo a porta.

“Às vezes acontece de haver muitos inimigos. Então, os cavaleiros precisam de ajuda com remédios ou ervas. Ou talvez seus cavaleiros fossem muito fracos e perderam.”

“Isso não! Eu quero ter um exército forte. Como você, senhor rei. Um exército como aquele com o qual você derrotou o feiticeiro maligno.”

“Você deve treinar e fortalecer melhor seus cavaleiros. Eles ficam mais fortes quando você come frutas e vegetais”, explicou o rei.

De repente, a porta do quarto se abriu e um espírito da água entrou com uma caneca.

“Socorro, um espírito da água! Ele veio buscar uma alma!”, Tomás se assustou.

“Ah, até parece!”, respondeu o espírito da água. “Estou trazendo chá para você, bobinho. Há um boato correndo lá nos contos de fadas de que você precisa se curar.”

Tomás pegou o chá, bebeu bastante e deitou-se novamente.

“Obrigado, espírito da água.”

O espírito da água sorriu e saiu novamente. Em seu lugar, entrou correndo no quarto o Gato de Botas.

“Meu senhor”, começou o gato de forma bajuladora para Tomás, “o ronronar dos gatos cura. Vou me deitar aqui ao seu lado e ronronar o máximo que puder para te curar.”

O Gato de Botas deitou-se ao lado de Tomás, aconchegou-se a ele e começou a ronronar. Foi muito agradável, porque o gatinho estava bem quentinho.

“Você acha, senhor rei, que eu realmente vou melhorar?”, perguntou Tomás.

“Mas é claro que você vai melhorar”, respondeu uma voz estridente da porta. 

Uma bruxa entrou correndo no quarto.

“Onde você deixou a pá?”,  perguntou o rei.

“Você sabe muito bem que desde que Joãozinho e Maria me enganaram, eu só como vegetais e frutas”, respondeu a bruxa, se virando para Tomás.

“Preparei um xarope para você. É caseiro e com certeza vai te ajudar.”

A bruxa pegou uma colher e lhe serviu o xarope. Tomás aceitou obedientemente o que a velha lhe dava. Estava muito bom e doce. 

“Viu, Tomás? Já está melhor. A febre está baixando e amanhã você já vai se sentir melhor”, sorriu o rei. “Agora durma bem, para que seus cavaleiros tenham força para lutar contra a gripe.”

Tomás adormeceu e dormiu muito melhor.

***

O pai estava sentado na poltrona e olhava para Tomás, que dormia na cama e se mexia inquietamente. A mãe pegou a bacia com vegetais que estava preparando para o jantar na mesinha ao lado da cama e começou a descascar batatas. Ela e o pai conversavam sobre como curar o menino e ensiná-lo a cuidar melhor de sua saúde.

Uma batata pulou da mão da mãe e derrubou a tampa no chão. Houve um estrondo.

“Espero não ter te acordado”, assustou-se a mãe, mas Tomás continuou dormindo. “Vou trazer um chá.”

Depois de um momento, a mãe voltou com uma xícara de chá, deu para Tomás beber e foi preparar o jantar. Quando ela estava saindo, o gato correu para o quarto e logo se acomodou na cama de Tomás. O pai estava procurando algo no celular e murmurava algo para si mesmo.

Então a porta se abriu e a vovó entrou no quarto.

“Trouxe xarope para ele, é caseiro”, exclamou. Ela deu duas colheres do xarope a Tomás, que estava meio adormecido. 

“Mamãe, venha aqui”, chamou o pai.

Quando a mãe chegou, ele mostrou a ela, no celular, o que havia encontrado.

“Está vendo? Dez coisas que fortalecem a imunidade. Deveríamos fazer algumas dessas para melhorar a nossa também. O garoto vai aprender mais rápido se dermos o exemplo e mostrarmos a ele como fazer isso.”

“Que tal começarmos indo dormir cedo?”, sugeriu a mãe. 

“Boa ideia”, concordou o pai.

“Olhem, Tomás está acordando”, comemorou a avó, tocando sua testa. “A febre se foi. Agora tudo ficará bem novamente.”

E assim foi. Tomás se recuperou e, junto com sua mãe e seu pai, fez de tudo para que seus cavaleiros fossem fortes o suficiente para protegê-lo de outra gripe. Ele acreditava que devia isso aos seus amigos de conto de fadas por cuidarem tão bem dele. Ou será que foi apenas um sonho? Quem sabe? 

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