Em uma linda casa de madeira, no andar de cima perto do sótão, um menininho dormia em seu quarto. Ele tinha cabelos castanhos como as castanhas e olhos azuis como o céu. Seu nome era Bento e ele tinha medo do escuro, dos sons que vinham do sótão, e até do barulho do riacho que corria perto de sua casa. Seu apelido era Medroso, pois ele tinha medo de tudo.
Toda noite, quando escurecia, Bento se deitava na cama, se cobria até a cabeça para ficar escondido e não ouvir nada. Ele queria adormecer o mais rápido possível. “Que chegue logo de manhã, que chegue logo de manhã”, sussurrava baixinho debaixo do cobertor.

Uma vez, quando estava escondido como de costume, tentando dormir, algo inesperado aconteceu. Alguém cutucou seu cobertor: “Bento, não se esconda. Queremos te mostrar algo”, disse uma voz suave. Bento lentamente tirou o cobertor e não acreditou em seus olhos. Homenzinhos estavam voando acima da sua cama. Eles seguravam lanternas e iluminavam todo o seu quartinho. O brilho era tão forte que o quartinho ficou claro como o dia. Eles batiam suas pequenas asas coloridas e voavam ao redor de Bento. “Quem são vocês?”, perguntou o menino. Os homenzinhos explicaram tudo para ele: “Nós somos duendes da noite. Ajudamos as crianças para que nunca mais tenham medo! Venha conosco”.
Cada homenzinho pegou o cobertor por uma ponta, levantou e levou embora. Então, gentilmente puxaram Bento pelo pijama e mostraram para onde ele iria. Levaram-no até a escada do sótão. Abriram a tampa e o empurraram para cima. “Viu? Você não precisa ter medo. Olhe ao seu redor com atenção. Você vai descobrir que aqui não tem nada assustador. Uma gata passa por aqui de vez em quando, só isso”. Eles o guiaram por todo o sótão e o tranquilizaram de que era apenas medo do escuro. E a escuridão parecia assustadora, mas não fazia nada. Depois, eles o levaram até o riacho. Tudo ao redor foi iluminado e mostraram a ele que era apenas a água correndo. “Não é nada do que você deva ter medo. É um barulho, nada mais”, disseram os duendes.
Então, eles o levaram de volta para a cama, cobriram-no e disseram: “Vamos te mostrar algo”. E apagaram todas as suas luzinhas. “Viu? Só está escuro. Sim, parece assustador, mas acredite em nós, você não precisa ter medo. Seja valente, forte e corajoso. Acreditamos em você. Já te mostramos que não há nada a temer. Além disso, estaremos sempre por perto. Se precisar de algo, pode nos chamar! Antes de partirmos, vamos te dar algo para que você tenha coragem. Enquanto você acreditar em nós e na magia, a luz brilhará para você”. Os duendes deram a Bento uma pequena lanterna para que o menininho não se esquecesse deles. Então se despediram, brilharam uma última vez e partiram. O menino adormeceu satisfeito.
Quando Bento acordou de manhã, ficou na dúvida se tudo aquilo tinha sido apenas um sonho. Ele se sentou na cama e apenas sorriu, porque fazia muito tempo que não tinha um sonho tão bonito. Em seguida, ele enfiou a mão no bolso do pijama e encontrou a lanterna. Seu coração pulou de alegria, pois ele percebeu que não foi apenas um sonho. Desde então, Bento não só deixou de ter medo do escuro, mas também teve a certeza de que a escuridão não fazia nada. Além disso, ele também acreditava no poder mágico e nos duendes da noite que o ajudaram e ainda ajudam. E mesmo depois de adulto, a lanterna continuava brilhando para ele, porque ele acreditava. Todos nós podemos acreditar em magia. Talvez isso nos ajude a encontrar coragem.