A Casa Assombrada

Ela e Nela eram duas irmãs gêmeas extraordinárias. À primeira vista, elas eram muito parecidas, mas, ao mesmo tempo, eram completamente diferentes. Ela era corajosa e sempre queria fazer tudo na hora. Nela era cautelosa e pensava muito antes de dar o primeiro passo. Elas faziam tudo juntas.

Na cidade onde moravam, havia uma casa diferente no topo da colina mais alta, e todos podiam vê-la. As casas da cidade eram coloridas, com belos jardins e flores nas janelas. Mas aquela casa era bem diferente. Ela era cinza-escura, sem grama, estava coberta de teias de aranha e apenas corvos e gralhas voavam ao seu redor. Era uma casa assombrada. Ninguém sabia o que tinha acontecido e o motivo de ninguém morar nela. As crianças estavam proibidas de ir até a casa. No entanto, as irmãs estavam muito curiosas e desejavam descobrir o que havia acontecido. Elas precisavam resolver esse mistério. 

Certa tarde, elas decidiram que iriam até a casa assombrada para descobrir tudo. Quando chegaram, Ela imediatamente correu para entrar, mas Nela a segurou pelo braço e a parou: “Espere, Ela. Você não sabe o que tem lá dentro. Precisamos ter cuidado. Primeiro, vamos tentar abrir a porta devagar”. Ela acenou com a cabeça, concordando.

Ela e Nela foram até a porta, empurraram-na devagar e ela se abriu. As meninas entraram. Estava tudo escuro e apenas um pouco de luz entrava pelas janelas sujas. “Olá, boa tarde. Tem alguém aqui?”, gritaram as meninas. Ninguém respondeu. Elas só ouviram um rangido atrás delas e quando se viraram, ficaram chocadas. Duas cadeiras de madeira velhas começaram a pular em direção a elas. Nela segurou a mão de Ela e recuou. Ela perguntou: “Você está vendo o que eu estou vendo, Nela? As cadeiras estão mesmo se mexendo sozinhas e vindo atrás de nós?”. Nela apenas concordou com a cabeça, sem conseguir dizer nada. As cadeiras continuaram se aproximando e as meninas recuaram, até ficarem encostadas na parede suja. As meninas corajosamente ficaram de frente para as cadeiras, esperando para ver o que aconteceria.

Então, algo inesperado aconteceu. Uma cadeira falou: “Vocês não precisam ter medo de nós. Nós morávamos aqui há muito tempo atrás, mas não limpamos e não cuidamos da casa. Até que um dia a casa não aguentou mais e disse que, se não sabemos cuidar dela, não merecemos viver bem. Ela nos transformou nessas cadeiras e só podemos ser libertadas quando alguém limpar tudo e arrumar a casa. Mas ninguém quer fazer isso, porque todos têm medo. A casa parece assombrada”.

Ela, sem pensar, gritou entusiasmada: “Então nós vamos arrumar e limpar tudo! Não temos medo de nada!”. E logo começaram a trabalhar. Levou várias horas até que toda a casa estivesse limpa. Quando as gêmeas terminaram, um forte vento começou a soprar pela casa, levantando as cadeiras em um redemoinho e girando tanto, que elas não podiam mais ser vistas. As meninas cobriram os olhos enquanto tudo na casa girava.

Quando o redemoinho parou, diante de Ela e Nela apareceram duas pessoas. No lugar das cadeiras, havia um casal. Eles abraçaram as meninas com gratidão por libertá-los do feitiço. Desde então, o casal passou a cuidar de sua casa e das coisas que tinham. E a casa, que antes parecia assombrada, tornou-se um lugar acolhedor e bonito, cheio de vida e histórias para contar.