A Bela Adormecida

Há muito tempo, em um reino distante, havia um rei que governava ao lado de sua rainha. O casal governava com sabedoria e o povo gostava muito deles. No entanto, o casal real ainda não tinha conseguido ter um bebê.

Certa vez, na primavera, a rainha estava sentada no jardim perto do lago. Ela observava todas as criaturas que estavam cuidando de seus filhotes recém-nascidos. “Quem me dera ter um bebê e poder cuidar dele como fazem todos esses animais,” suspirou a rainha.

De repente, a rainha viu um sapo vindo em sua direção em cima de um lírio. Quando chegou perto dela, o sapo falou com uma voz humana: “Seu desejo será realizado. Na próxima primavera, você também colocará uma criança ao mundo, rainha.” E o sapo pulou do lírio para a água e desapareceu antes que a rainha pudesse dizer uma palavra.

Contos para crianças - A Bela Adormecida
A Bela Adormecida

O mais impressionante foi que a previsão do sapo misterioso se concretizou. Na primavera seguinte, a rainha realmente deu à luz uma criança. Uma menina linda como um botão de rosa. O rei e a rainha deram a ela o nome de Aurora.

Sua alegria foi imensa, e o rei então decidiu celebrar com todo o reino. Ele organizou um banquete como o reino nunca tinha visto. Convidou todos de quem se lembrou. Para compor a mesa real, ele convidou os familiares mais próximos e, claro, as fadas madrinhas. Havia treze delas na região, mas o rei tinha lugar à mesa apenas para doze delas. Então decidiu não convidar uma das fadas madrinhas.

No dia combinado, a festa começou e todos no castelo e na aldeia estavam felizes. Então chegou a hora das fadas madrinhas, que deveriam dar à princesa recém-nascida pedaços de seu destino. Uma a uma, elas se aproximaram do berço e previram o que a esperava. Uma lhe concedeu um sorriso que amoleceria qualquer coração, outra lhe deu habilidades para dançar e outra lhe presenteou com uma beleza que não teria igual em toda a região.

Quando de repente as portas se abriram, a décima terceira fada madrinha, que não havia sido convidada, apareceu. Com um sorriso maldoso, ela correu para o berço. “Quando você completar quinze anos, vai se furar em um fuso de uma roda de fiar e morrer”, gritou apenas para a pequena Aurora. Tão irritada quanto quando chegou, a fada madrinha saiu correndo após lançar sua maldição.

O salão ficou em completo silêncio. Nem sinal da alegria anterior. O silêncio foi interrompido apenas pelos passos da décima segunda fada madrinha, que ainda não tinha tido a chance de falar. Ela se aproximou de Aurora e disse: “Você não morrerá ao se furar no tear. Você apenas cairá em um sono profundo junto com todo o reino. Um beijo de amor terá o poder de despertar você e todo o reino do sono.” Embora isso tenha atenuado a maldição, ninguém mais teve vontade de celebrar.

Ao rei ocorreu apenas uma coisa para reverter a maldição da décima terceira fada madrinha: mandou remover todas as rodas de fiar do reino. O tempo passou, e como os fios já não eram mais feitos ali, passaram a ser importados. Com o passar dos anos, Aurora cresceu e se tornou uma linda jovem. Todos os dias ela tinha um sorriso no rosto, dançava nos salões do castelo e exibia uma beleza de tirar o fôlego. Ela estava sempre feliz e era gentil com todos. Mas quanto mais crescia, mais tristes seus pais se tornavam. Quando estava prestes a fazer quinze anos, percebeu que a rainha tinha lágrimas nos olhos com frequência e sempre tentava vigiá-la e acompanhá-la a cada passo. Ainda assim, todos diziam a Aurora que estava tudo bem. Ninguém se atrevia a dizer a verdade àquela doce menina.

E então chegou o dia do décimo quinto aniversário de Aurora. O rei e a rainha se afastaram dela por um momento para buscar seu presente. Aurora aproveitou o momento em que ninguém a vigiava e saiu correndo pelo castelo. Ela percorreu todos os aposentos até chegar à velha torre. E então subiu as escadas em espiral e abriu a porta. Lá, ela viu uma velha fazendo algo que nunca tinha visto antes.

“O que é essa coisa estranha que você está fazendo?”, perguntou curiosa.

“Fiando com um fuso de tear, minha querida”, respondeu a senhora.

Aurora ficou intrigada com o fuso que se mexia de um lado para o outro. Talvez, se soubesse o que era e o perigo que corria, teria fugido. Mas como todos tentaram esconder de Aurora aquela profecia, ela se aproximou do fuso sem suspeitar de nada. Quando o tocou, furou seu dedo e a maldição se cumpriu. Aurora e todo o reino caíram em um sono profundo. Não era um sono comum, mas uma maldição que fazia com que todos no reino simplesmente não conseguissem despertar.

Muitos anos se passaram, e lendas sobre o castelo adormecido foram contadas por toda parte. Às vezes, algum aventureiro tentava entrar no castelo, mas ninguém tinha tido sucesso até então. Quando se passaram cem anos desde que Aurora se espetou no fuso, a lenda da Bela Adormecida chegou a um reino distante e foi ouvida por um jovem príncipe chamado Felipe. Ele tinha acabado de atingir a maioridade, e a tarefa de livrar um reino de uma maldição parecia perfeita para o jovem corajoso.

Ao chegar ao reino descrito nas lendas, ele teve que abrir caminho através de uma densa vegetação de roseiras que cercavam todo o castelo. Ele não se deixou desencorajar nem pelos espinhos, nem pelo esforço, e com sua espada conseguiu abrir caminho para o castelo após muitas horas de esforço.

Por todo o castelo, encontrou pessoas adormecidas, mas não conseguiu acordá-las, mesmo que as sacudisse com força. Finalmente, o príncipe Felipe notou uma escada em espiral que levava a uma porta aberta na torre. Ele subiu as escadas e viu, deitada adormecida, a garota mais bonita que já tinha visto. E olha que ele já tinha visto muitas princesas. Mas foi simplesmente mais uma pessoa que o príncipe não conseguiu acordar. Felipe inicialmente não sabia o que fazer, mas então se lembrou das palavras de sua querida e sábia avó sobre como o amor é capaz de vencer até feitiços malignos. E beijou Aurora nos lábios.

Naquele momento, a bela jovem abriu os olhos e sorriu para ele. O feitiço foi quebrado e todo o reino despertou. Algum tempo depois, Aurora e Felipe se casaram, e ninguém nunca mais precisou temer a fada má.

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