Embaixo da terra, bem no fundo, viviam vários diabinhos. Eles moravam em uma caverna escura com uma grande fogueira no centro, onde eles dormiam enrolados ao redor dela. Eles amavam o calor. Dentre eles, havia um diabinho que se destacava por ser diferente.
Ele era meio desajeitado, sempre fazia confusão, e por isso o chamavam de Trapalhão. Ele tinha uma perna mais curta que a outra, o que o fazia mancar, seu pelo grosso cobria o corpo todo e seus chifres pareciam antenas. Ele tinha uma aparência adorável.
O diabinho Trapalhão também era diferente dos outros pois ele era incrivelmente bondoso, sempre ajudando as pessoas de alguma forma. Quando ele ouvia alguém na terra pedindo ajuda ou sem saber o que fazer, ele rapidamente corria para lá e tentava resolver tudo. Mas, na maioria das vezes, ele atrapalhava mais ainda.

Uma vez, quando já estava quase adormecendo em seu cantinho perto do fogo, ele ouviu uma voz fraca: “Estou com tanta fome. Eu dividi meu último pedaço de comida com o esquilo e agora não tenho mais nada. Meu estômago está roncando muito.” O diabinho Trapalhão ouviu com atenção para entender bem, e depois de um tempo ele reconheceu a voz.
Em cima da terra, André estava sentado na floresta. Ele tinha saído pelo mundo para encontrar uma noiva e um bom trabalho. Mas agora ele estava sentado, à noite, em uma pedra, sozinho e sem comida. Trapalhão sabia que André era uma boa pessoa, e é claro que queria ajudá-lo. Ele subiu rapidamente para a terra e foi direto até André: “Olá, André, sou o diabinho Trapalhão e ouvi seu problema. Eu tenho algo para você.” Ele estendeu um tapete na frente de André e disse: “Quando eu partir, diga: Tapete, estenda-se. E você verá o que acontece.” Ele deu um tapinha no ombro de André, bateu com o pé, girou e desapareceu em uma nuvem de fumaça.
André ficou olhando para o tapete. Depois de um tempo, ele se sentou nele e disse: “Tapete, estenda-se.” Nesse momento, algo realmente começou a acontecer. O tapete começou a se mexer e se levantar lentamente, até que se levantou por completo e começou a carregar André para longe. No começo, André ficou assustado e não sabia o que fazer. Sentado no tapete, ele segurava as bordas tentando manter o equilíbrio. Aos poucos, ele aprendeu a controlar o tapete e direcionar o caminho. Então, ele se acalmou enquanto o vento soprava suavemente em seu rosto. André olhou para baixo. A vista era linda. Ele viu a cidade inteira como se estivesse na palma de sua mão. Mais tarde, ele voltou para o lugar onde encontrou o diabinho e tentou chamá-lo: “Diabinho Trapalhão, você se confundiu! Em vez de um tapete que me desse comida, você me deu um tapete voador. Mas mesmo assim, obrigado, nunca vou me esquecer disso.”
Embaixo da terra, em seu cantinho aconchegante perto do fogo, o diabinho Trapalhão ouviu tudo. Ele sorriu satisfeito, se enrolou e adormeceu tranquilamente. Ele sabia que havia se atrapalhado de novo, mas também sabia que o importante era querer fazer o bem. Mesmo que ele tenha feito de outra forma, ele conseguiu trazer alegria. Enquanto dormia, ele esperava que o tapete voador levasse André até sua noiva, um trabalho e uma comida deliciosa.