Para além de sete altas montanhas e sete largos rios, havia uma terra onde era uma alegria viver. As florestas sussurravam, os campos eram verdes e os riachos murmuravam. O país era governado por um velho rei que tinha três filhas. Ele sabia que não teria forças para governar para sempre, então decidiu escolher a tempo sua sucessora entre suas três opções. Mas qual deveria ser aquela que se sentaria no trono real depois dele? O rei decidiu que passaria o cetro para a filha que o amava mais.
Certa manhã, o rei chamou todas as três filhas e pediu que lhe dissessem o quanto o amavam.
Primeiro, a mais velha se aproximou e disse: “Papai, eu te amo como ouro! Acredito que seria a melhor rainha.” O rei assentiu e se voltou para a filha do meio. “E como você me ama?”, perguntou.
A filha do meio respondeu: “Eu te amo como joias e pedras preciosas, porque nada no mundo é mais valioso.” Então, ela se aconchegou ao pai e acrescentou: “Faça de mim a rainha.”
Quando o rei finalmente perguntou à sua filha mais nova, Mariazinha, ela respondeu: “Eu te amo como sal, papai.” E sorriu docemente para ele ao dizer essas palavras.

O Rei ficou desapontado e irritado com a resposta de Mariazinha. Ouro e pedras preciosas são muito mais valiosos do que sal, pensou. “Vá embora!”, ordenou. “Quando chegar o tempo em que o sal for mais precioso que o ouro, você poderá voltar e se tornar rainha.”
Mariazinha deixou o reino com grande tristeza no coração, mesmo que não quisesse ser rainha. Ela só queria provar ao pai seu verdadeiro amor. E então viajou por muitos dias, até chegar a uma floresta densa, onde encontrou uma senhora mágica que lhe ofereceu abrigo.
Enquanto isso, suas irmãs viviam com muito luxo e diversão, mas o rei continuava zangado com sua filha mais nova. Tanto que ordenou que destruíssem todo o sal de todo o reino, pois só lhe lembraria do quão pouco Mariazinha o amava. O rei ainda não estava disposto a admitir o quanto sentia falta de sua filha mais nova.
No castelo, uma grande celebração estava sendo preparada. Nela, o rei queria anunciar sua sucessora. A sala de jantar foi decorada com ouro e pedras preciosas em homenagem às duas filhas que, pelo menos segundo o rei, sabiam o que era mais raro e importante no mundo.
Todos os convidados já estavam sentados à mesa festiva. As mesas estavam repletas de uma variedade de pratos, tantos que era de encher os olhos. No entanto, a satisfação parou por aí. Assim que os convidados provaram, suas bocas começaram a se torcer. Por mais que tentassem qualquer um dos pratos de aparência deliciosa, nada era gostoso. Aparentemente saboroso, mas completamente sem sabor na boca.
O rei imediatamente mandou chamar os cozinheiros para que explicassem o que haviam feito com a comida. “Querido rei, sem sal não se pode cozinhar saborosamente. A comida não está gostosa porque está sem sal. E em todo o reino, por ordem de Vossa Majestade, não restou nem um grão de sal.
Nem assim o orgulhoso rei estava disposto a desistir de seu capricho e ordenou aos cozinheiros que servissem tudo doce, afinal, era algo que poderia ser feito sem sal. Depois de algum tempo, começaram a servir novamente. Os convidados famintos se lançaram imediatamente sobre os bolos e doces de todos os tipos. Mas isso também não foi o ideal. Um pouco de doce após a refeição certamente é bem-vindo, mas substituir o almoço por doces? O clima na festa estava péssimo, os convidados ilustres de terras distantes se retiraram com as mais diversas desculpas, para poderem voltar para seus reinos onde eram servidos pratos temperados com sal. Alguns dos que estavam partindo faziam comentários sarcásticos de que naquele reino parecia que se usava ouro e pedras preciosas em vez de sal. Os convidados daquele reino sabiam que nem em casa teriam alívio, já que todo o sal do reino foi destruído. A menos que fugissem do reino. Afinal, naquele reino sem sal, não esperavam mais nada de saboroso.
O Rei começou a perceber o quão mal tratou Mariazinha e só então entendeu o quão sábia era sua filha mais nova. Mas não fazia ideia de onde procurar sua filha para poder se desculpar. Ele lamentava muito seu ato impensado e também estava com fome. Até o rei já estava completamente enjoado de doces e nada salgado podia mais ser preparado sem sal. Ninguém tinha sal, e mesmo que tivesse, não venderia nem por um monte de ouro de tão precioso que o sal era agora para todos.
Enquanto isso, Mariazinha continuava vivendo na floresta com a senhora mágica, e nada lhe faltaria se seu amado pai estivesse com ela. Um dia, a senhora mágica se aproximou e lhe contou o que estava acontecendo lá no reino, como todos estavam sofrendo sem sal. A senhora então lhe deu uma pequena bolsa cheia de sal e revelou que nunca acabaria e poderia ajudar a todos. Mariazinha então partiu de volta para o reino. Quando chegou ao castelo, ninguém a reconheceu, porque estava muito modestamente vestida. Ela pediu uma audiência com o rei, dizendo que tinha algo para ele que salvaria todo o reino.
O Rei a recebeu, mas imediatamente lhe disse: “Este reino já não pode ser salvo.” Fui orgulhoso, expulsei minha filha mais querida e mandei destruir o sal em todo o reino. Você não pode me dar nada que me ajude, menina.”
Mariazinha, após essas palavras, ofereceu-lhe pão salpicado com o sal de sua bolsinha.
O Rei estava encantado e perguntou como poderia agradecê-la. Mariazinha revelou seu rosto e disse: “Papai, basta que você me ame como eu te amo: como sal.” O Rei chorou de alegria e pediu perdão a ela.
Logo se espalhou por todo o país a notícia de que Mariazinha havia retornado. O sal em sua bolsinha nunca diminuía, e então havia o suficiente para todos os habitantes do reino. Mariazinha foi coroada rainha e governou com sabedoria. E ela nunca esqueceu a bondosa senhora mágica que a ajudou em tempos difíceis.